quarta-feira, 9 de março de 2011

CURSO: CURSO EDUCAÇÃO PARA DIVERSIDADE E CIDADANIA – UNESP-SECAD-UAB
PROF (A). RESPONSÁVEL: Profª. Elisandra Maranhe
TUTOR (A): Rosangela
ALUNO (A): Altina F. C. Carraro
GRUPO:POLO: Franca


TEXTO: O BULLING NAS ESCOLAS

A palavra bullying infelizmente ainda é conhecida por poucos. De origem inglesa a palavra bully significa indivíduo valentão, mandão, brigão. Assim, o bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bulie (agressor) contra uma ou mais vítimas impossibilitadas de defesa. Dentre esses comportamentos destacam-se as agressões, os assédios e ações desrespeitosas. O mesmo difere da violência explícita que é facilmente identificável em algumas escolas.
Algumas das estratégias usadas pelos praticantes de bullying para impor sua autoridade e manter suas vítimas dominadas é a intimidação, o abuso de poder e a prepotência.
O bullying deve ser identificado, reconhecido e tratado como um problema social complexo e de responsabilidade de todos.
Dentro de um conceito mais amplo pode-se afirmar que todos já foram ou serão vítimas de bullying em algum momento de suas vidas. Isso ocorre devido ao fato do ser humano ser essencialmente social, e onde há relações interpessoais haverá sempre disputa por liderança e poder.
Consequências físicas e emocionais de curto e longo prazo são enfrentadas tanto por vítimas, como por autores e testemunhas do bullying. Consequências estas, que podem causar dificuldades acadêmicas, sociais, emocionais e legais.
Algumas das consequências mais comuns são: sintomas psicossomáticos, fobia escolar e social, transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), anorexia e bulimia, depressão, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), e em alguns quadros menos freqüentes a esquizofrenia, suicídio e homicídio.
Pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a sofrerem depressão e baixa auto-estima quando adultos. Da mesma forma, o agressor quanto mais jovem for, maior será o risco de apresentar problemas e comportamentos anti-sociais quando adultos. E o simples testemunho de atos de bullying pode comprometer o desenvolvimento acadêmico e social.
Crianças e adolescentes que sofrem e/ou praticam bullying podem vir a necessitar de múltiplos serviços, como saúde mental, justiça da infância e adolescência, educação especial e programas sociais.
Nos casos de bullying a escola é corresponsável, pois é nela que os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam. É na escola que os alunos devem aprender a conviver em grupo e respeitar as diferenças. Mas infelizmente, a instituição escolar é o cenário principal dessa tragédia endêmica, que por omissão ou conivência, facilita a sua disseminação.
Apesar de o bullying ser um problema de responsabilidade de todos, a escola pode e deve representar um papel fundamental na redução desse fenômeno, com ações combativas nos casos já instalados e por meio de programas preventivos. Mas para garantir a eficácia dos esforços, é necessário que a instituição escolar atue em parceria com as famílias dos alunos e com todos os setores da sociedade que atuam na luta pela redução da violência na sociedade e na escola.
        O primeiro passo para o sucesso contra essa prática indecorosa é admitir que o bullying ocorre em todas as escolas do mundo todo, sejam elas, públicas ou privadas. Mudanças estruturais educacionais são imprescindíveis. A escola precisa estar bem estruturada para trabalhar com as situações do bullying, prevenindo para que este problema não aconteça, mas quando acontece um caso, a escola tem que saber não só como encaminhar essas famílias e orientá-las, precisa-se saber agir com o grupo, pois o mesmo não pode se sentir vítima e precisa se sentir amparado também.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas Transversais 5ª a 8ª séries (BRASIL, 1998), o professor deve trabalhar em seu cotidiano pedagógico os conteúdos de ética, onde se prioriza o convívio escolar. Porém, o discurso docente tem de ser coerente com a sua prática pedagógica, pois de nada adianta passar um ensinamento ético para seus alunos e agir de forma contrária a esses ensinamentos. As atitudes respeitosas devem partir do professor, pois estas atitudes serão vistas como modelo, principalmente pelas crianças menores.
Quando ocorre o bullying a relação familiar da vítima pode ser seriamente comprometida. Pois quando ocorre a negação do reconhecimento do bullying, a criança ou o adolescente pode se sentir traído, quando as ações de seus pais não se mostram efetivas e caso entenda que seus pais não acreditem em seus relatos.
A família precisa apoiar a escola e trabalhar questões de limites, deve assumir o quanto antes seu papel de formadora de cidadãos, e abandonar a postura de super protetora e deixar de acreditar que amar é aceitar toda e qualquer atitude dos filhos. Precisa deixar de realizar todos os desejos dos filhos, criticar quando devem ser criticados e responsabilizá-los sim por atitudes anti-sociais. Fazer isso enquanto é tempo.
Os motivos que levam a esse tipo de violência estão relacionados com as experiências que cada indivíduo tem em sua família e com a comunidade e são extremamente variados. As fontes mais comuns de agressores ou vítimas de bullying são as famílias desestruturadas, com pouca afetividade, em que a criança representa o papel de bode expiatório para todas as dificuldades, e em até quando a violência doméstica é real. 
Os agressores também conhecidos como bullies, possuem uma personalidade com traços de desrespeito e maldade e estas características na maioria das vezes, estão associadas a um perigoso poder de liderança que geralmente, é obtido através de força física ou de intenso assédio psicológico. Apresentam aversão a regras não aceitam serem contrariados, ou frustrados. Podem agir sozinhos ou em grupos. Quando ele está em grupo seu poder de destruição ganha reforço o que aumenta sua capacidade de fazer mais vítimas.
Pode-se denominar de autores do bullying aquelas pessoas que cometem as agressões. São geralmente pessoas populares, que tendem a se envolver com uma variedade de comportamentos anti-sociais e na maioria das vezes são agressivas, e aceitam que sua agressividade como uma qualidade. Uma pesquisa realizada pela ABRAPIA revela que 29% dos autores cometem as agressões por brincadeira sem darem conta dos danos emocionais que causam nas vítimas.
Os espectadores são todos aqueles que não são envolvidos diretamente nas agressões do bullying, mas assistem normalmente sem interferir por medo de se tornarem as próximas vítimas. No entanto nas poucas vezes que as testemunhas interferem e tentam cessar o bullying, essas ações são efetivas na maioria dos casos. Por isso a importância de incentivar o uso desse poder que vem do grupo de espectadores, para tornar os autores enfraquecidos e sem apoio social.
O primeiro passo no combate do bullying é o reconhecimento pela sociedade, pelos pais e, sobretudo pelos professores e escolas de que o mesmo realmente existe. Cabe à escola a responsabilidade maior de envolver todos seus membros na não aceitação do bullying privilegiando a prevenção.
A luta antibullying deve ser iniciada bem cedo, já nos primeiros anos de escolarização. E segundo Ana Beatriz (2010, p.173), “A importância da precocidade das ações educacionais se deve ao incalculável poder que as crianças possuem para propagar e difundir ideias”. E dessa maneira essas crianças se transformam facilmente em agentes multiplicadores, capazes de educar, por vias alternativas, várias pessoas, criando-se assim, um círculo virtuoso no empenho pela paz.
Nessa luta cujo cenário principal é a escola, estão em jogo os bens mais preciosos da humanidade: a solidariedade, o respeito às diferenças, a tolerância, a justiça, a honestidade, a cooperação, a dignidade, a amizade e o amor ao próximo.
E para que essa batalha chegue ao fim, precisam-se exigir políticas públicas e privadas que disponibilizem recursos significativos para a formação técnica, psicológica, intelectual e pessoal dos educadores. Somente assim eles poderão ter o comprometimento, a segurança e o engajamento de que necessitam para abraçar essa causa heróica que é educar para uma vida de cidadania plena.
 REVISTA – Nova Escola. Cyberbullying. Nº 233 de Junho/Julho de 2010. São Paulo: Abril Cultural, 2010. p.66.
 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

Como evitar o bullying? Só quando os pais ensinarem melhores valores aos seus filhos desde a mais tenra idade, quando reconhecerem que educação se ensina primeiramente em casa (“costume de casa vai a praça”, lembra?). Só assim não haverá “valentões” querendo oprimir os mais fracos. Essa é a solução ideal.
E na prática? Já que há péssimos pais que não sabem educar seus filhos, nem dar limites a eles, recomendo que os pais de filhos que sofrem bullying ajudem seus filhos a ter mais confiança em si mesmos. Contribuam para que eles desenvolvam auto-confiança. Praticar algum tipo de luta para se defender não faz mal a ninguém. Outro aspecto que penso ser interessante trabalhar é a timidez, porque pessoas tímidas são muito mais susceptíveis de sofrer bullying. Afinal, os tímidos têm menos amigos e menos relações sociais em um dado grupo. Sem falar que por serem mais introspectivos, não revidam até mesmo por timidez.
Só não vale superproteger o filhote ou a filhota, hein. Porque senão seus filhos nunca aprenderão a se defender sozinhos e se tornarão adolescentes e adultos dependentes, que a qualquer sinal de perigo correrão amedrontados para o colo da mamãe ou do papai. A vida é dura. Todos precisam aprender a lidar com as vicissitudes dela.

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